domingo, outubro 28

sobre chatos, bêbados e abstêmios

Compartilho com os móveis velhos do meu quarto minha desagradável presença. Nesse momento, não poderia estar em pior companhia. Insisto em discutir comigo mesmo sempre a mesma história. Tento a toda hora mudar de assunto, mas com a inconveniência característica dos chatos, disfarço e finjo não perceber a minha própria vontade de mudança.

Impossível passar 24 horas por dia com uma companhia desagradável sem ingerir alguma substância que altere seu estado de percepção. Hoje consigo entender os homens solitários que se tornam bêbados inveterados. Mulher chata a gente troca, filho chato manda pro colégio interno, sogra chata a gente não visita, mas se o chato é você, a opção menos drástica na tentativa de tornar sua existência menos miserável é encher a cara.

Isso explica por que todo abstêmio é um chato desprovido de autocrítica. Além de não se achar um chato ele consegue se agüentar por uma vida inteira sem o álcool como subterfúgio. Se a questão é de escolha, entre um abstêmio chato e masoquista ou um bêbado quase divertido e delirante, fico com a segunda opção.

2 comentários:

Jean Maurice B. Boechat disse...

hahahahahahaha
Tenho medo de abstêmios, maluuuco!!! Só não vai virar alcoólatra, Cabelito!!! Pensa... Vai gastar muito dinheiro... Café-com-leite sai mais barato...
[1019]

Anônimo disse...

Po, Cabelito! Você é mó legal!
Quando você ficar chato eu aviso... Vai ser logo, logo...
Hahahahhahahahahhahahaha!!