Ele passou o ano dormindo. Acreditava que assim as horas correriam e os dias saltariam de dois em dois. É verdade que, por persistir nessa letargia, aparentemente absurda, sentia-se por vezes um grandessíssimo idiota, mas mantinha a convicção de que os grandes idiotas nunca se reconheciam idiotas, às vezes percebiam-se grandes, mas idiotas, em momento algum.
Ele compreendia e queria acreditar em muita coisa, só não se dava conta de que no fundo, bem no fundo, insistia em dormir por medo de acordar. Acordar e perceber que somente ele mantinha os olhos fechados pro mundo lá fora, desejando, sozinho, que o tempo passasse de pressa. Sofria da doença daqueles que amam demais, que sonham demais, que acreditam demais nas pessoas.
Mas seu medo passou. Seus olhos já não se encontram mais fechados. Quanto à doença... Ainda prefere dispensar a cura.
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