quarta-feira, dezembro 19

dois caras

Era um daqueles caras apaixonados. Existia com tamanha intensidade que tudo à sua volta alcançava dimensões e significados inacreditáveis. Era capaz de transformar o trivial em sublime, de reconhecer no superficial as mais densas qualidades. Encarava o contingente com desconfiança, para ele, nada era fortuito, nada era acidental. Tudo era singular, único, e absolutamente indispensável de ser vivido.

Era um daqueles caras apaixonantes. Sem esforço fazia com que todos, de algum modo, o desejassem. Não existia um motivo óbvio pra isso, mas algo nele era diferente. Era dono de uma espantosa capacidade de fazer com que nada parecesse chato, desinteressante, menor. Ao seu lado o tolo sentia-se astuto, o sem graça era hilariante, e o mais prosaico dos mortais percebia-se, por alguns instantes, especial.

Um comentário:

Anônimo disse...

Porra CCPL!
Pára de escrever sobre mim!!!