terça-feira, dezembro 26

medo

Tenho medo. Medo de ter medo, medo de não ter mais medo de nada. Medo de sentir o que sinto e medo desse sentimento não ser mais sentido por mim. Tenho medo da distância, medo da distância aumentar.

Sinto-me sozinho, ausente de mim mesmo. Não compartilho nem da minha própria presença. Meu corpo está aqui, minha mente está longe, tentando pensar o melhor, tentando.

O clima de despedida somado ao clima de Natal não ajudam, não me trazem confiança, mas incredulidade. Sim, ser crédulo nunca me foi característica, mas seu oposto, agora, me absorve o pensar.

Queria poder correr para o tempo passar, queria fazer com que correndo o tempo voasse... Correria sem parar, sem pensar, somente correria.

Tenho medo do tempo, não do que ele faz com a gente por fora, mas do que pode fazer com a gente por dentro. Trocaria minhas rusgas interiores por quantas rugas superficiais fossem necessárias.

Temo, temo que a força de meus desejos seja sucumbida pelo tempo. Temo ser mais fraco que minha curiosidade burra. Temo que minha racionalidade seja atropelada por uma passionalidade ainda mais burra que toda e qualquer burra curiosidade.

Preferia ainda temer o escuro, os fantasmas de minha infância. Hoje não mais os temo, hoje meus fantasmas não são mais lençóis brancos com furos nos olhos, são fantasmas internos, fantasmas que me assombram muito mais do que aqueles velhos lençóis.

2 comentários:

Julia Maia Lambert disse...

e mais.. é tanto, tanto nessa vida, que até medo parece bobo...
deixa pra ter medo de filme de terror, pq da vida não precisa não...

Anônimo disse...

pode crer, o medo, eterno antagonista dos herois e protagonista das pessoas de verdade, aquele que nos da limite ou nos faz perdê-lo.