domingo, julho 1

saudades do Japão

Fala-se do aumento da conta de luz ao casamento do filho do Jorge, da gravidez precoce da prima do cunhado do Oswaldo a especulações sobre o preço do carro novo da vizinha, da formatura do filho de Ruth à feiúra da namorada do rapaz... Puta que pariu, cada vez mais menos pessoas conseguem me despertar algum tipo de curiosidade em ouvi-las. Sempre as mesmas histórias, os mesmos problemas cotidianos, os mesmos e poucos relatos de falsa felicidade. Chego a sentir saudades da minha vida em Atsugi. Não compreendia o idioma, não diferenciava um japonês do outro e só me alimentava de arroz e peixe cru. Uma vida saudável. Nenhuma gordura insaturada, nenhuma conversa fiada e nenhuma mulher ocidental por perto tentando destruir a minha vida. Incrível como dedicamos a maior parte de nossa existência insignificante a falar da insignificância alheia, ainda mais singular é a nossa capacidade em transformar - sem nenhum constrangimento - o ouvido dos outros em penico. Haja paciência pra ouvir tanta besteira, haja cotonete pra limpar tanta merda.

2 comentários:

Anônimo disse...

Vamo morar comigo, Cabelota!!
Vou estar numa cidadezinha quase vizinha a Atsugi! Fica a 150km ao norte... Catlaniaki!

Anônimo disse...

O fato é que somos todos medíocres a nosso modo, uns mais, outros menos... E assim seguimos nossas vidas uns sendo medíocres e outros com metas de serem cada vez menos, na medida do possível; mas uma verdade me conforta, a de que devemos encontrar nossos pares. Sim, é verdade... Pares no sentido de iguais, mas não pessoas que pensem como nós, mas sim pessoas que desejam chegar aos mesmos objetivos que nós. Difícil mesmo é encontrá-los... Mas acredito que ai a jornada começa. E a própria busca já é interessante à medida que ao sairmos de casa uma janela de possibilidades se abre para o inimaginável acontecer e o mais instigante, talvez, é saber da possibilidade desses pares nos rodearem sem nem mesmo a gente desconfiar. O que fica? Bem, agarrar o mundo, mas de olhos bem abertos.