Ele nunca sofreu pela ausência ou presença inconveniente de alguém. Sempre teve como hábito a solidão. Ninguém para escutar, ninguém com quem falar. Ele nunca recordava de seus sonhos. Sempre foi cético demais para acreditar no desconhecido. Ele nunca se sentiu merecedor de algo: um afago, um gesto de simpatia, um xingamento, um olhar de desprezo. Manteve-se sempre incógnito: parcas palavras, raros e tímidos sorrisos, nenhum amigo, poucas mulheres. Ele não tinha medo, também não tinha coragem. Não sentia orgulho e nem pena de si. Como se não estivesse vivo, ele simplesmente não sentia nada.
Naquele dia acordou diferente. Estava tomado por uma indisposição peculiar. Sua saúde ainda era de ferro, nenhuma alteração nos exames, nenhuma doença. Pela primeira vez na vida ele se sentia cansado. Talvez cansado pela noite mal dormida, talvez quem sabe, apenas cansado... Cansado de não ser bom nem mau, cansado de não estar feliz nem triste. Cansado de não fazer parte de nada, cansado de estar distante de tudo. Cansado de ser indiferente, cansado de não fazer a diferença. Cansado. Simplesmente cansado de si.
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4 comentários:
Eu tava tentando imaginar quem era essa pessoa, mas depois que eu li "poucas mulheres",
descobri que era você, ou um dos seus amigos que o circundam. Inclusive eu. Muito bom texto, mas o cara já tava na merda e ainda acordou cansado. Foda!!!!!
Nossa, dessa vez o sehor se surpreendeu!! Totalmente EMO!!!!
Bem, pelo menos não parece ser vc... estou sabendo que o senhor está fazendo exercícios físicos, dormindo e acordando cedo, "muitas mulheres".
"O Senhor é um poeta, 01!!!"
Porra... Será que sou eu?
Ou será que só eu que acho que penso assim? hehehehe
Mil e um, Cabelito!!!
(em pleno sábado à noite...)
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