“(...) Recolhendo um pouco dos sobejos de prestígio da Universidade, o estudante ainda se sente satisfeito por ser estudante. Tarde demais! O ensino mecânico e especializado que recebe está tão profundamente degradado quanto o seu próprio nível intelectual na altura em que a tal ensino adere, e isto pelo simples fato de a realidade que domina o conjunto destas coisas – o sistema econômico – reclamar uma fabricação maciça de estudantes incultos e incapazes de pensar. Que a Universidade se tenha tornado uma organização – institucional – da ignorância, que a própria "alta cultura" se dissolva ao ritmo da produção em série dos professores, que todos estes professores sejam uns cretinos, de tal modo que a maior parte dentre eles provocaria a algazarra de qualquer público de liceu, tudo isso o ignora o estudante; e, respeitosamente, continua a escutar os seus mestres, com a vontade consciente de perder todo e qualquer espírito crítico, a fim de melhor comungar na ilusão mística de se ter tornado um "estudante", isto é, alguém que seriamente se ocupa na aprendizagem de um saber sério, na expectativa de assim lhe serem confiadas as últimas verdades. Trata-se, aqui, de uma menopausa do espírito. Tudo quanto se passa hoje nos anfiteatros das escolas e das faculdades será condenado na futura sociedade revolucionária como ruído, socialmente nocivo. O estudante, desde já, dá vontade de rir. (...)”
Fragmento de texto extraído do Manifesto “Da miséria do meio estudantil, considerada nos seus aspectos econômico, político, sexual e especialmente sexual e de alguns meios para a prevenir”, escrito por membros da Internacional situacionista e alguns estudantes da cidade de Estraburgo, no ano de 1966.
Qualquer semelhança com a atualidade será mera coincidência?
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário