segunda-feira, agosto 6

ali, parado...

Era um frio na barriga, uma vontade de rir e de chorar, uma necessidade de correr e permanecer ali, parado, esperando... Nunca tremi tanto. Era como se tivesse consumido por uma inexplicável hipotermia em plena primavera carioca. Minha garganta engasgava, a saliva faltava. Foi complicado ficar quieto, meus pés balançavam sem parar. Como consegui dirigir até ali? Não importava, tudo já era passado. Confesso, em alguns momentos pensei que o tempo estivesse brincando comigo, me testando. Mas parado ali, depois de tudo, me senti como que a espera do primeiro beijo, ou a procura do meu nome na lista do vestibular. Uma mistura de excitação, medo, angústia, felicidade... Como alguém podia sentir tanta coisa ao mesmo tempo? Não sei. Só sei que ali, parado, esperando, me senti especial, me senti realmente especial. Não me senti assim por me entender importante pra alguém, mas por sentir em mim algo difícil de explicar, um amor, uma capacidade de amar, quase que imensuráveis. Naquele momento já tive certeza de que tudo tinha valido a pena, tudo mesmo. Meu corpo traduzia essa certeza. Estava anestesiado, drogado, contaminado por algo ainda não inventado, algo que me acelerava e me mantinha em câmera lenta, que não me deixava parado, mas ao mesmo tempo me impedia qualquer movimento. O mundo podia terminar ali, nada mais importava, nada podia ser maior, mais forte. Era como se minha respiração e meus batimentos pudessem ser sentidos pelos pés e levados até o pescoço de todos a minha volta. Senti ter certeza sobre tudo, resposta pra todas as perguntas, solução pra todos os problemas. Nada me faria sentir medo, nada seria impossível. O impossível não fazia mais sentido algum. Eu tava ali.

Nenhum comentário: